Continuando nossa caminhada por La Paz, nós três (Daniel, Denise e Ester) visitamos o recém criado Parque Urbano Central, que ocupa o vale e as encostas íngremes do Rio Choqueyapu, este se encontra tamponado (canalização fechada) em alguns trechos. Essa foi uma maneira de se criar uma área verde e remover edificações das áreas de risco, pois a questão dos movimentos de solo é muito mais grave do que as que existem nas áreas de risco do Brasil, lá a topografia e o tipo de solo são mais favoráveis a este fenômeno. O parque ainda é pouco frequentado pelos turistas, creio que por ser novo, contudo é um local agradável para passear e admirar os jardins.
| Aspecto do Parque Urbano Central. |
| Algumas passarelas permitem a passagem sobre o sistema viário que secciona o parque. |
Inicialmente os colonizadores haviam fundado a cidade de Nuestra Señora de La Paz no altiplano, onde hoje fica El Alto, mas as intempéries do clima (vento e frio) obrigaram a mudança para o vale do Rio Choqueyapu. O vale é bem profundo e em nossa andança passamos por novas pontes estaiadas que ligam os lados da cidade, provavelmente obras de construtoras brasileiras, são locais de onde se podem tomar fotos magníficas.
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| Ponte estaiada recém construída que liga os dois lados do vale do Rio Choqueyapu. |
Encontramos numa destas pontes, próxima à residência oficial de Evo Morales, Paola, uma advogada boliviana que andava com sua filha pequena, muito gentil ela nos explicou aspectos gerais de La Paz e da Bolívia, também nos convidou para conhecermos sua casa e tomarmos refrigerante. Após trocarmos e-mail e facebook, a gentil Paola nos encaminhou a um táxi e resolvemos fazer um city tour de 2 horas pelo qual pagamos 80 bolivianos (equivale a R$20 por 2 horas de táxi, algo impensável em terras tupiniquins).
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| Nossa amiga boliviana Paola e sua filha, caminhando numa das pontes estaiadas. |
O taxista nos levou em alguns miradores e subimos até o altiplano, onde vimos muita pobreza e sujeira, como em toda periferia latino americana. Lá no altiplano a vista é esplêndida, o Illimani ao fundo da cidade proporciona uma figura única e também se pode avistar o restante da cordilheira real resumida na imagem do Huayna-Potosí (6.088m). Existem muitas feiras livres no altiplano, cuja função é receber os produtos agropecuários de várias regiões do país e abastecer a cidade, antigamente o trem realizava o transporte, mas hoje o rodoviarismo avança sobre a Bolívia. Muito pela influência do Brasil, que tem investido na construção de estradas de rodagem, muitas das quais com cruzamentos em nível com ferrovias, praticamente um decreto de morte a este modal tão importante de transporte. Eu que sou um apaixonado por trens e ferrovias me senti mal porque meu país além de desmantelar as suas ainda colabora com dilapidação do patrimônio alheio, malditos interesses econômicos!
| Local onde o altiplano se abre para o vale, ótima vista do Illimani. |
Nosso taxista me fez repensar sobre o conceito de espanhol fluente, pois até então eu me julgava bom na língua de Cervantes, me comunicando bem com as pessoas, mas aquele homem bem nutrido e apreciador da boa alimentação falava enrolado e me exigiu um esforço acima do normal para compreender suas palavras. É comum na Bolívia e no Peru que as pessoas falem ou compreendam a Lengua Quechua, herança dos incas, mas esta língua está se perdendo com o passar do tempo. E na Bolívia é também comum o idioma Aymara, que se fala mais no sul do país (região de Oruro), digo isso pois nosso taxista era descendente de Aymaras e não sabia falar a língua, mas a pronúncia do seu espanhol sei de onde veio!
Na Avenida Busch nº986 o taxista nos deixou no restaurante La Chuquisaca, especializado na comida típica da região de Sucre, notadamente o chorizo chuquisaqueño, que foi a melhor comida que provei em nossos 28 dias de viagem pela Bolívia e Peru. Nem mesmo na cidade de Sucre, que visitamos posteriormente, consegui encontrar comida típica tão deliciosa, por isso deixo a dica aos que forem a La Paz. Lembro que nós três comemos muito bem pagando Bs.120 (R$30) e isto é um padrão alto para o boliviano comum, os preços na Bolívia são realmente muito baratos para os brasileiros, o real está muito forte em relação ao boliviano de tal maneira que se pode ter uma viagem de padrão alto gastando pouco em comparação aos outros países da América do Sul.
| Uma mostra da deliciosa comida chuquisaqueña. |


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