Fazia alguns anos que minha mãe havia lançado a ideia de visitar a Bolívia, mas as condições econômicas não eram tão favoráveis e minha mãe trabalhava em São Paulo sem dispor de tempo para tal. O tempo passou e meu gosto por montanhas foi aumentando, pois conheci muitos dos picos da Mantiqueira enquanto fiz mestrado em Itajubá.
Depois que comecei a trabalhar em São Paulo surgiu a oportunidade de visitar o país andino em minhas primeiras férias remuneradas, e em janeiro de 2011 comecei a estudar bastante sobre a Bolívia, li relatos de viajantes e guias turísticos, também passei horas em frente ao Google Earth visitando remotamente aquele país e vendo as fotos do
Panoramio que as pessoas postavam.
Inicialmente cogitei a ideia de
ir de carro até La Paz, mas os mais de 3.500 km que a separam de Atibaia não me inspiraram confiança, e o tempo era escasso para tal, embora reconheça que teria sido uma viagem e tanto! Marquei minhas férias para Outubro e comprei as passagens para o dia 2 daquele mês de 2011, voamos pela companhia aérea
TACA, cujos serviços temos muitos elogios a tecer. O voo fez escala em Lima, pois assim era mais barato, e, curiosamente, Lima era o destino final de nossa viagem (mas só pudemos observá-la do Aeroporto naquele momento).
No aeroporto de Lima já tomei um chá de coca pois estava preocupado com a altitude de La Paz, afinal o aeroporto se localiza no município de El Alto, situado a uns 4.050 msnm (
metros sobre el nivel del mar). Realmente quando desci do avião percebi que meu coração batia mais rápido, mas não senti falta de ar, embora estivesse com um leve torpor, algo parecido com a sensação de embriaguez. Minha mãe (Ester) e minha irmã (Denise) nada sentiram, a contradição é que eu (Daniel) havia pago um seguro viagem preocupado com a saúde delas!
Tomamos um táxi do Aeroporto até o hotel que ficava no bairro de El Prado, custou U$13 mas normalmente custaria 10 (tudo previamente combinado, não há taxímetro), era madrugada do dia 03/10/2011 e o taxista disse que não estava tão frio, embora estivesse 4ºC, pois em junho/julho do mesmo anos uma o
nda arrasadora de frio matou muitos moradores de rua. Ainda paramos em um mirante para tirar fotos da cidade e suas luzes noturnas.
 |
| Vista noturna de La Paz |
Mal consegui dormir naquele finalzinho de noite, não sei se pela altitude ou pela expectativa, e logo que raiou o dia, a segunda-feira se mostrou bem ativa e a avenida em frente ao hotel começou a se encher com o trânsito matutino e desordenado da cidade. Nosso hotel ficava em frente à
Plaza del Estudiante no belo bairro de El Prado, um pouco ao sul do centro da cidade, porém muito mais agradável do que as ruas apertadas do centro. Mas depois chegamos à conclusão de que o melhor custo benefício seria nos hospedarmos no Hostal Nayra, que fica ao lado da
Plaza San Francisco, que é o coração turístico da cidade, entretanto já havíamos deixado pago o Hotel El Dorado aqui do Brasil, mas não o recomendo!
 |
| Vista da nossa janela: Plaza del Estudiante no bairro El Prado. Ótima localização. |
Logo saímos para andar nas redondezas, tudo era novidade e avistar o Illimani e seus 6.422 msnm foi deslumbrante, as neves eternas lá estavam ao fundo do vale qual fossem uma pintura na tela azul do horizonte. Andamos pelo parque urbano central e paramos para tomar
gaseosa (refrigerante) na tenda de uma chola. A cidade me pareceu bucólica, como se houvesse parado no tempo, percebi alguns homens com chapéu, algo que gosto tanto mas quase não uso no Brasil por vergonha.
 |
| Vista do Illimani (6.422m) e suas neves eternas na tela do horizonte. |
 |
| Os belos e bem cuidados jardins de El Prado. |
A informalidade predomina, seja no comércio onde existem as cholas que vendem de tudo em suas barracas (até mesmo no chão), seja nos transportes onde existem os
minibuses que são equivalentes às nossas lotações, qualquer um pode pintar seu carro de táxi e sair transportando pessoas, mas os rádio-táxis são os melhores e mais seguros e podem ser reconhecidos por possuírem um letreiro em cima. O país não possui indústrias de tal maneira que esta foi a maneira de a grande maioria da população urbana conseguir prover o seu sustento.
 |
| Uma chola com sua barraca onde de tudo se encontra. |